Por Eduardo Luiz
22/04/2020, 07h00

(Foto: Cesar Greco/Ag.Palmeiras)

Na entrevista que concedeu ao jornalista Jorge Nicola na noite de segunda-feira, o diretor de futebol Alexandre Mattos, hoje no Atlético-MG, contou os bastidores de algumas das mais de 60 contratações que fez quando trabalhou no Palmeiras, de 2015 a 2019.

Ao ser perguntado sobre a negociação mais complicada que conduziu, o executivo citou a de Dudu, que na época era disputado por São Paulo e Corinthians. Quando questionado sobre as contratações que mais se orgulhava de ter feito, Mattos elencou algumas, mas deu detalhes de poucas, como as de Moisés e Luiz Adriano. O diretor também revelou que em 2018 chegou a fechar com Rony – contratado nesta temporada por Anderson Barros; o atual dono da camisa número 11 assinou um pré-contrato para substituir Keno, mas o Verdão teve de desistir do negócio. Confira abaixo o relato de cada uma.

Dudu

“O Dudu não estava nem em pauta. Tinha uma briga muito grande de São Paulo e Corinthians. Lembro quando falei com o Paulo Nobre, depois de ir no escritório do empresário do Dudu, era uma sexta-feira de noite, e o empresário do Dudu me chamou de louco varrido, eu falei que era louco mas que queria. O Dudu estava vindo de Goiânia para São Paulo, ele pousou às cinco da tarde, às seis ele estava no escritório e eu já estava lá. Fui no marketing, mandei fazer uma camisa e falei pro menino: se esse negócio vazar vou te mandar embora na hora, vou te tirar daqui na porrada. Peguei a camisa, levei pro Dudu. Ele estava indo pra outro compromisso para acertar com outro clube (São Paulo), e quando acertei com ele, voltei pra Academia, umas 7 da noite, o Dudu foi pro clube pra agradecer, chamei o Paulo e falei que tinha um acordo com o Dudu. Ele assustou mas falou: vamos fazer. Ainda tinha o Dínamo (de Kiev, dono dos direitos). Quando chegou o contrato, chegou domingo de manhã, eles mandaram com nome do clube e do presidente de um adversário nosso. Mudei no meu computador para “Paulo de Almeida Nobre” e “Sociedade Esportiva Palmeiras”, liguei pro Paulo, falei pra ir pra Academia e ali nós acertamos e anunciamos. E foi uma surpresa enorme”.

Moisés

“Poucos jogadores dos 60 ou 70 que contratamos, cheguei no técnico e falei: confia em mim. Esse foi o Moisés. Conhecia as características dele, de botar mais a bola no chão. O Marcelo (Oliveira) falou que não tinha problema. Entrei na sala do Paulo e perguntei se confiava em mim, mas que precisava de 800 mil euros. Vão falar que sou ladrão, que é esquema de empresário. Se der errado recupero o dinheiro. Compramos por 800 mil euros e vendemos por 6,5 milhões de euros que foi todo para pagar o passado, que faz parte do projeto também, entrou para pagar o Wesley. O Moisés deu retorno técnico, de liderança e financeiro”.

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Luiz Adriano

“Faltavam 3 dias para fechar a janela, Borja e Deyverson estavam enfrentando alguns problemas, e não existia um 9 no mercado. Conversei com alguns empresários. Conversei com o Jorge Machado e ele perguntou se não queria fazer uma loucura trazendo o Luiz Adriano. Disse que fecharia na hora. Conversei com o Luiz Adriano por telefone, fiquei uns 10 minutos na linha, ele falou: ok. Ele tinha 2 anos de contrato, mas tinha uma dívida que o Palmeiras assumiu”.

Rony

“O jogador que nós imaginamos para saída do Keno era o Rony. Fiz contato com o empresário dele, eles vieram pra São Paulo, o Rony fez exame médico, assinou pré-contrato de 5 anos com o Palmeiras, mas o nosso departamento jurídico achou que estava bem complexa a situação dele no Japão. Tentei um acordo com o time, comecei a desenhar um acordo mas o empresário não aceitou que o time recebesse nenhum recurso e a coisa se perdeu”.