Por Eduardo Luiz
28/07/2022

(Foto: Divulgação)

O Palmeiras tem mundial e isso é indiscutível. Quem briga contra a história do futebol e os registros oficiais simplesmente não consegue dimensionar a grandeza que o Mundial de 1951 teve para a história do futebol brasileiro. E isso envolve não só o Palmeiras em si, mas todo o país, que vivia uma espécie de “luto esportivo”.

Dos títulos do Palmeiras, esse certamente é um dos mais importantes, por seu contexto histórico. Um ano antes, em 1950, o Brasil havia perdido a Copa do Mundo dentro de casa, em um Maracanã lotado, em uma dolorosa derrota por 2 a 1 para o Uruguai. É a primeira grande tragédia do futebol nacional.

Por isso, quando o Palmeiras foi convidado para disputar aquele mundial de Clubes, uma expectativa enorme foi gerada no torcedor brasileiro. Antigamente, as fronteiras da rivalidade tinham dimensões diferentes do que vivemos hoje, e o mais importante era ver um clube brasileiro se sair vitorioso contra equipes estrangeiras.

É por isso que o Maracanã estava completamente lotado no dia 22 de julho de 1951, com 120 mil torcedores abarrotados para acompanhar o duelo entre Palmeiras e Juventus, da Itália. Após uma vitória no primeiro jogo e o empate no segundo, o Alviverde se sagrou campeão do Torneio Internacional de Clubes, nome dado ao Mundial na ocasião.

Foi um dia histórico para o futebol nacional, retratado nas manchetes dos principais jornais do país com a importância que o evento merecia. O jornal O Globo destacou na chama de capa o feito como “Campeão dos Campeões do Mundo!”, e o tradicional periódico paulista, a Gazeta Esportiva, que noticiou a vitória alviverde com: “Palmeiras campeão do mundo!”.

O troféu do primeiro Campeão Mundial fica, atualmente, exposto na Sala de Troféus do clube, junto com acervo de peças e jornais da época retratando a conquista. É possível ver o troféu numa visita ao Allianz Parque.

A competição reuniu times do mundo inteiro, sobretudo daqueles países que disputaram a Copa do Mundo do ano anterior, no Brasil, como Itália, Espanha, Portugal, Áustria, Suíça e Iugoslávia. Entre os clubes que disputaram a competição além do Palmeiras, estiveram presentes times como Vasco da Gama, Áustria Viena, Sporting (Portugal), Juventus (Itália), Estrela Vermelha (Iugoslávia), Nice (França).

Apesar dos questionamentos que torcedores rivais e mesmo “jornalistas” tentam fazer a conquista, a história do primeiro título do mundial do Palmeiras está documentada. Quando se pergunta quantos títulos o Palmeiras tem, é impossível deixar de lado a competição de 1951.

Uma das figuras mais lembradas dessa conquista é o técnico Ventura Carbon, que chegou ao clube como atleta em 1930 e foi funcionário em diversas áreas. Até hoje ele é o treinador que acumula mais passagens no Palmeiras. O uruguaio comandou a equipe principal em 15 momentos diferentes, totalizando 305 jogos

De acordo com Miro Moraes, historiador do Departamento de Acervo Histórico do Palmeiras, “ele é sempre lembrado por aquela gigantesca conquista, que, sem dúvida alguma, é motivo de muito orgulho. Mas quem conhece a história dele, ou os poucos que ainda estão em vida e tiveram a oportunidade de acompanhar a sua trajetória, sabem que ele foi muito, muito mais do que o técnico do Mundial de 1951. Ventura Cambon viveu Palmeiras do dia em que chegou ao clube até o último suspiro”.

O mundial de 1951 está eternizado no símbolo palmeirense e, desde 2017, na gestão de Maurício Galiotte, o clube decidiu voltar a utilizar uma estrela vermelha acima do seu escudo em homenagem à conquista da competição.