Por Catedral de Luz
27/07/2022

(Foto: Reprodução)

Conheci Avallone por intermédio das noites de domingo. Comemorei as vitórias e lamentei as derrotas do “Palestra!” sempre ao seu lado, mesmo que ele nunca tenha admitido em público – à época – ser um alviverde imponente.

Avallone era o ilustre apresentador do “Mesa Redonda” da TV Gazeta e a partir de seu talento inigualável fez escola junto aos cronistas esportivos. Aquilo que o telespectador assiste e chama de “debate” ou “mesa redonda” até, não seria viável nesse formato não fosse a criatividade e eloquência deste “homem dos bordões”. Chamar Luxemburgo de “o estrategista” foi um deles.

Enquanto comandante do “Mesa Redonda”, Avallone respirou a tristeza dos anos de fila palmeirense, mas também curtiu as glórias do “Período Parmalat”. A forma como ele conviveu com os “anos de chumbo esmeraldinos” ensinou os torcedores a tornarem a espera por dias melhores em algo menos doloroso. Ele entendia de alguma maneira, sabe-se lá de que forma, que o jogo viraria a nosso favor. Pitonisa? (interrogação)

Avallone era jornalista, mas nunca esqueceu de suas origens esmeraldinas. A “Sociedade Esportiva Jornalismo” habitava o passionalismo e não extrapolava, diferente de tantos outros que se perderam na imparcialidade inconsistente. Conrado Cacace, por exemplo, uma das figuras expoentes da Mídia Palestrina lembra: “… e mesmo colocando o Palmeiras acima de tudo, não deixava de ser um baita jornalista”.

Muito outros beberam de sua fonte e ninguém foi indiferente aos seus argumentos. O bem e o mal desfilaram sob as teclas de seu texto e ele sempre rechaçou o caminho incoerente. Fernando Galuppo, escritor e jornalista alviverde considerava-lhe além de generoso, competente. Formador de opinião quando o assunto caminhava para a esfera do debate.

Conselheiro da SEP, escritor e historiador palestrino, Mestre José Ezequiel Filho entende Avallone como um “palmeirense com a alma palestrina”. Até brinca: “Imaginem se estivéssemos a assistir a Mesa Redonda do Avallone nestes dois últimos anos”.

Mestre Jota Roberto Christianini, outro historiador, escritor e conselheiro alviverde definiu Roberto Avallone em apenas uma simples palavra: “Exclamação”. Tia Dora que o diga, não é mesmo?

Outro influenciado pelo mestre foi Alex Muller, jornalista e palestrino. No entendimento dele, Roberto Avallone era completo, uma mente brilhante, um gênio no que se propôs a fazer.

Muitos mais falariam o que pensam a respeito do nosso personagem, mas finalizaremos através do publicitário, músico e palmeirense, Caio Avallone, filho de Roberto Avallone: “Quando penso em Roberto Avallone, o que me vem à mente é: ‘Polêmico, irreverente, autêntico, inimitável… exclamação!’ E, sem falsa modéstia ‘o melhor apresentador do gênero mesa redonda de todos os tempos’”.

Avallone finalizaria assim: “Tchau!”

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.