Essa coluna tem um objetivo claro e bem definido: análise direta de números para argumentar sobre temas relacionados do nosso verdão. Infelizmente, a imprensa esportiva brasileira rumou nos últimos anos para um foco em entretenimento e pouco embasamento das opiniões. O senso comum confunde os torcedores e dificulta o trabalho profissional das equipes de futebol.

A proposta de hoje é analisar os laterais direitos presentes no elenco, com foco principal no titular (Marcos Rocha), para responder a seguinte questão, temos um problema na lateral direita?

Os números analisados são referentes, exclusivamente, ao campeonato brasileiro que é o mais difícil e constante de uma temporada. As estatísticas escolhidas foram: Temporada; Jogos; Gols; Assistências; Assistências para finalização; Cruzamentos Totais (% Certos); Desarmes Total (% Certos); Interceptações Totais (% Certas); Rebatidas; Cartões Amarelos; Cartões Vermelhos.

MAYKE [27 anos – 3M € (R$ 14.5M)]

• Quando solicitado no campeonato de 2018 deu conta do recado e ganhou a Bola de Prata.
• Tem números ofensivos e defensivos regulares e não compromete o time.
• Ainda tem espaço para melhorar, pois está na idade auge para atletas de futebol.
• Faz um bom trabalho como reserva e consegue fazer sombra para o titular da posição.

Os números de Mayke mostram que ele é um atleta com potencial e um bom reserva para o time. No ano de 2018 teve boa participação e bons números no campeonato brasileiro, a ponto de ser escolhido como lateral direito ideal nos prêmios da CBF e Bola de Prata. Mayke não compromete as partidas e tem desempenho regular e de bom nível. O investimento na sua contratação foi compatível com o seu potencial.

MARCOS ROCHA [31 anos – R$ 8M]

• Números defensivos e ofensivos acima da média dos laterais brasileiros.
• Jogador com mais desarmes e interceptações no campeonato brasileiro de 2018 e 2019.
• Alto percentual de cruzamentos certos.
• 2° Maior assistente do Palmeiras (Assistências e assistências para finalização).
• Jogador de pouca faltas e cartões mesmo com alto número de desarmes.
• Com 31 anos caminha para o final de sua carreira, mas ainda tem vigor físico excelente.
• Dentre custos salariais e valor para compra de seus direitos federativos não está entre os grandes gastos do elenco.

Marcos Rocha apareceu para o Brasil jogando no Atlético-MG, um time extremamente ofensivo e que fazia partidas de placares elásticos. Quando chegou ao Palmeiras foi marcado por boa parte da imprensa como um lateral muito bom ofensivamente (que de fato é), mas com falhas graves defensivas. Boa parte da torcida, depois de tanto escutar esses comentários, tem essa mesma visão, mas eu pergunto para você torcedor: Quais características determinam um jogador bom defensivamente?

A resposta é clara: Proporcionar poucos espaços, ser bom em desarmes, ser bom em interceptações e conseguir bons números de rebatidas.

Marcos Rocha foi o líder em desarmes/jogo e interceptações/jogo no campeonato de 2018 (jogou 20 partidas) e o líder geral em desarmes e interceptações em 2019. Isso mesmo, você não leu errado, o líder geral. A frente de bons volantes do país e muito a frente dos outros laterais. Como um jogador de tanta qualidade em desarmes, interceptações e rebatidas pode ser ruim defensivamente? A resposta é que não pode.

Rocha veio marcado com essa pecha do seu ultimo clube, baseado nisso os comentaristas seguem repetindo essa informação, mas os números não condizem com isso. Na verdade, os números defensivos dele são os melhores do time inteiro, e de quebra ele ainda comete poucas faltas e recebe pouquíssimos cartões. Como se não bastassem esses os ótimos números defensivos, o camisa “2” ainda tem um aproveitamento ofensivo invejável. Rocha é o segundo em assistências e assistências para finalização do time, perde somente para Dudu.

A cereja do bolo é saber que, mesmo com esse ótimo aproveitamento, ele foi um jogador relativamente barato (R$ 8M) e as informações divulgadas na imprensa não o colocam entre os mais caros do elenco, tampouco entre os laterais mais caros do país (Rafinha e Daniel Alves).

Concluo a coluna de hoje informando que nós não temos problemas na lateral direita, esse é um dos setores do time que funciona muito bem. Quanto aos torcedores que criticam Marcos Rocha, peço a reflexão. Os números do lateral são acima da média e o custo/beneficio é inegável.

Saudações Alviverdes.

Thiago Soares
Coluna PTD – Ciência Alviverde
11/02/2020