Por Catedral de Luz
03/11/2021

(Foto: Reprodução)

Meu Pai, a coisa ferve em território tupiniquim.

Dependendo de quem faça, o elogio sempre será uma realidade. Todavia, a recíproca inexiste para quem goza do desafeto social, principalmente quando envolvemos a imprensa nesse imbróglio.

A “S.E.P.” continua sendo refém das malhas críticas dos cronistas esportivos e eu explico.

Enquanto o time alviverde é chamado de defensivo – utilizando um termo simpático –, a concorrência é aclamada como estratégica e versátil.

Na verdade, meu Pai, as coisas continuam da mesma maneira, desde 1914. Nada nos prova que o nome “Palmeiras” mudou alguma coisa. Satisfez, sim, as exigências de uma sociedade infectada por vícios e preconceitos.

Porém, meu Pai, nem tudo é inferno no mundo de “Dante”. Quanto você partiu a Mídia Palestrina era embrionária. Hoje dá até para separar as peras – porque verdes! – qualitativas das desqualificadas – porque tem canais que procuram insistentemente seus quinze minutos de fama.

O fenômeno “M.P.” é de tamanha importância, diversificou tanto a forma de comunicar e desamarrou de maneira libertadora as mãos do espectador, que o jornalismo oficial chega a passar vergonha das sandices que propaga.

Felizmente, as mudanças chegaram ao gênero e as mulheres passaram a ter voz. A “Armada”, canal do qual faço parte – com a mesma intensidade de minha coluna, “Galope Peregrino”, no “PTD” – tem agora uma bancada feminina. “Alessandra”, “Fernanda”, “Ludymila” e “Jéssica (convidada especial)” mandam bem e deixam alguns homens a comer poeira pela estrada.

“Mídia Palestrina”, a ruptura das convenções por parte das mulheres… Só isso? Fosse o término das notícias positivas por intermédio das linhas acima e já estaríamos satisfeitos, mas o clube que escolhemos cresceu, desde a sua partida, em 1997.

Conquistas, esportivas e patrimoniais (Palestra Itália virou Allianz Parque) receberam da concorrência sinais de respeito superficial, mas nós sabemos o funcionamento das cabeças adversárias. Admiti-las seria igual à faca no peito.

Continuamos grandes e apesar de algumas cornetas – você as conhece bem – a torcida cresceu e o orgulho nutrido por ela também.

Interessado no “Allianz Parque”? O que fizeram como o lendário “Palestra Itália? Conto na próxima carta. Acalme-se, pois estamos bem e melhor.

Lembra da “Libertadores”? Duas nos pertencem (1999, dois anos após sua passagem e 2020, ano anterior) e embora a temporada de 2021 tenha contornos pautados em profundos obstáculos competitivos, disputaremos nossa terceira final.

Espero que o senhor sobrevoe Montevidéu e abra suas asas protegendo-nos da melhor maneira possível – claro, se for do nosso merecimento.
Ademais, fique em paz.

Saudades.

Do seu filho que herdou o amor pelo Palmeiras.

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.