Por Catedral de Luz
02/04/2021

(Ilustração: Reprodução)

Depois de anos encontrei um conhecido, em uma dessas esquinas esquecidas pela pandemia e pudemos conversar, mesmo que por poucos minutos.

– Sorte nos negócios e azar no amor – disse tal colega, chateado com seu último relacionamento.

Apaixonado pela mulher de seus sonhos, ele viveu um tempo de felicidade, embora curto. Tudo indicava matrimônio. Planos e mais planos.

Até que um dia a luz romântica da lua apagou e a delicadeza feminina começou a pedir-lhe mais e mais. Artefatos que o bom senso e a responsabilidade não lhe permitiam e tudo aquilo que parecia perfeito desmanchou-se por intermédio de linhas sinuosas, como convém ao cenário dos decepcionados.

Ao conhecido “Palmeiras” restou a lucidez. A sinceridade de trabalhar com a realidade dos tempos sombrios, aqui e agora.

“Let it be”, diriam “Lennon e McCartney”

– E ela, caro amigo, que fim levou? – disse este que vos fala, a estampar uma certa curiosidade.

– Acabou se encantando com outro, supostamente milionário, que lhe ofereceu “mundos e fundos”. Todavia, qual foi a surpresa, o homem abastado foi deixado só, em frente a igreja, onde celebrariam a cerimônia. Coisas de quem não esqueceu o ex-marido – ela era divorciada, esqueci de contar – sintetizou o ex-azarado.

– Aliás, o nome da segunda vítima era “Grêmio” – falou o narrador, agora com ares de paz interior.

– Foi bom te encontrar, “Catedral”. A gente se vê por aí – despediu-se o vitorioso.

Um conhecido apaixonado e depois decepcionado. Espectador de um novo romance e até mais dolorido que o seu. Enfim…

Dinheiro é bom, mas não é tudo.

Sorte do “Palmeiras” e azar contínuo de quem festejou a certeza do revide, após a “Copa do Brasil”.

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.