Por Catedral de Luz
14/10/2022

(Foto: Divulgação)

Revisitamos mais um texto publicado pela parceria “PTD/ GALOPE PEREGRINO”, datado de 26/07/2013.

“CERTAMENTE DEZ TERMINADO” é a crônica definitiva escrita por este colunista sobre Valdívia.

Valdívia nasceu para o estrelato, mas recusou tal lisonja. Sua irreverência somada as atitudes tomadas dentro e fora das quatro linhas tornaram a sua rebeldia fora do contexto de um craque.

Provavelmente o “Mago” não será alçado ao time alviverde de todos os tempos, mas jamais será esquecido pelo torcedor.

CERTAMENTE DEZ TERMINADO

Ele é capaz de mudar o destino de um jogo.

Você pode interpretá-lo como quiser, mas não fica indiferente à sua maneira de conduzir um meio de campo.

Na verdade, desde 2006, Valdívia sempre nos proporcionou o que de mais raro pode ser encontrado no trato com a bola. Ele é o exemplo claro e objetivo de que o romantismo não se extinguiu no futebol. Ao contrário e assumindo a identidade de um alquimista, o “Mago” transmuta gol em ouro. Cada um de seus 35 (1) gols pela SEP é o retrato irretocável de que o “Chileno” faz a diferença.

Não fossem os episódios paralelos, que sempre põem à prova o valor profissional de um jogador de seu quilate, Valdívia seria mais respeitado pelo torcedor alviverde. Entretanto, a unanimidade conflita com a realidade e alguns jornalistas não lhe oferecem o devido tratamento – a blindagem legada a alguns (Ronaldo?!) lhe foi negada –. Preconceito? Xenofobia? Sabe-se lá!

Contudo, parece que o nosso herói possui uma característica marcante que é o ato ou efeito de recontar a sua história. Artista “in natura”, ele revisita sua obra e insere carinhosamente mais uma página. Títulos, tais como 2008 (Estadual) e 2012 Copa do Brasil, não resumem o seu currículo e carreira na SEP (2).

É provável que o “homem da camisa dez” depois de tantos contratempos tenha assumido uma dívida junto à coletividade alviverde e não vá descansar em berço esplêndido, enquanto ele não for paga. Alguns chamam de dever, outros de caráter.

Entretanto, Valdívia é assim! Administrador de seus mundos, senhor de seu céu e anjo caído de seu inferno. Indiferente a ele, ninguém fica. Como ele mesmo diz: “Valdívia não provoca, quem provoca é o futebol do Valdívia”.

(1) Foram 41 gols, até 2015, última temporada pelo Palmeiras.

(2) Ao final da temporada ajudaria a conquistar a Série B do Brasileiro.

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.