Por Leonardo Laruccia
05/11/2020

(Foto: UOL)

Quinta-feira, 7h15

— Bom dia, Josias

— Bom dia, seu Marcos! Que sorrisão de orelha a orelha é esse?

— Pois é, Josias, finalmente estou tendo momentos de paz com o meu time. Acho que agora vamos engrenar com o Gajo! Vamos evoluir do Cebolismo pro Gajismo.

— Também acho, ele me pareceu saber muito o que quer na entrevista coletiva que deu — respondeu de pronto Josias

— Verdade, foi depois disso que me empolguei. Mas, Josias, a gente sempre conversa sobre futebol e eu nunca te perguntei: qual time você torce?

— Eu não tenho time não. Quando eu era pequeno não tinha televisão, então não cresci assistindo muito futebol, raramente assistia uns jogos e fui ter uma bola só depois de velho.

— Caramba, Josias. Mas… Você tem vontade de assistir a um jogo do Palmeiras no Allianz Parque? — perguntou Marcos

— Claro, passei em frente no mês passado e achei a coisa mais bonita do mundo.

— Então, quando a pandemia passar, você vai por minha conta, heim? Quem sabe não te transformo em um mais um palestrino!

— Não sei não, heim, não quero ficar estressado igual você antes, durante e depois das partidas — respondeu Josias

— Os tempos são outros, Josias, você não sabe a alegria que é comemorar um título.

— Vamos ver, vamos ver… Mas, Marcos, me diz: o que vai querer hoje?

— Gostaria de bolinho de bacalhau, um pastel de belém e um vinho do porto! — respondeu Marcos

— Você sabe que a gente não tem isso, no máximo um bolinho de bacalhau, mas só sai a tarde — respondeu sem entender Josias

— Então, me vê só uma bica — pediu Marcos

— Não posso agredir o senhor, você não me fez nada. Endoidou? — perguntou Josias achando tudo muito estranho.

Bica é café em português de Portugal, Josias.

— Ah, tá! Tá na mão o cafezinho!

— Agora vou para bicha do autocarro que estou atrasado. Até mais ver, Josias!

— Que? Pra onde ele foi, Juarez? Eu heim, o povo doido. Deixa eu lavar minhas xícaras que eu não vou entrar nessa loucura não.

Leonardo Laruccia, palmeirense da década de 90, publicitário, sócio da WL Agência Digital e escritor nos intervalos.