Por Catedral de Luz
28/08/2020

(Fotos: Cesar Greco/Ag.Palmeiras)

É provável que o mal maior da sociedade seja sentir-se rejeitado.

Nada pior do que lutar, saber como lutar, ter uma estratégia e não conseguir vencer.

Inexplicável? No planeta dos homens é normal.

Perfeito? Ninguém.

No futebol e no Palmeiras, mais precisamente, “Galeano (476 jogos, 25 gols)” é um exemplo claro de filho pródigo. Odiado, em princípio – a fase do time não era das melhores –, ele ganhou espaço por intermédio de fatos pontuais.

Novembro de 1998. “Galeano” atua boa parte da partida frente ao “Cruzeiro” com o dedo do pé quebrado. A cada dividida do jogador a torcida delira.

Outubro de 1999. O jogador “Galeano” é escalado como zagueiro frente ao “Flamengo” e faz uma de suas melhores partidas na carreira. Contrariando seus costumes, “Scolari” elogia abertamente o volante.

Junho de 2000. O voluntarioso jogador marca de cabeça e ajuda a sepultar as chances de nosso tradicional rival na “Copa Libertadores” da citada temporada – o restante do serviço seria completado pelo “miraculoso Marcos”.

Enfim, “Galeano” deu a volta por cima e passou a representar simbolicamente todos aqueles que contrariam a lógica e conseguem o respeito da torcida alviverde por intermédio do suor derramado em campo.

Amparado na imagem de “Galeano”, alguns jogadores do atual elenco – melhores tecnicamente, até – parecem emergir do mar de incertezas criado pelo próprio desempenho.

“Marcos Rocha (111 jogos, 6 gols).” talvez seja o exemplo melhor acabado. O lateral convive com a desconfiança dos torcedores desde que chegou. Atuando como coadjuvante, com uma obediência tática elogiável, o “camisa 2” vem reescrevendo a sua passagem pelo clube.

“Bruno Henrique (163 jogos, 28 gols)” conheceu o céu, mas o inferno resolveu apresentar-se. Dá sinais de melhora. Confesso minha surpresa com a intolerância imposta pela exigente coletividade alviverde.

“Lucas Lima (126 jogos, 10 gols)” nunca foi unanimidade, mas está distante de considerar-se obsoleto. Precisa de sequência de jogos a através dela terá a confiança de troco.

A carreira de um atleta dificilmente é caracterizada pela linearidade. Altos e baixos alternam-se frequentemente. Ao final, o que permanece é o saldo deixado. Todos os jogadores citados, por mais absurdo que possa parecer ao torcedor passional, ajudaram a conquistar troféus.

Assistam Rocky III – The Greatest Challenge – (1982) e entendam melhor o que digo.

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.