Por Leonardo Laruccia
10/09/2020

(Foto: Reprodução)

— Bom dia, Josías!

— Bom dia, seu Marcos! Tem tido noites melhores do que a da semana passada?

— Sim, melhorou um pouco depois do último domingo. Mas, em especial, hoje estou um pouco agitado. — responde Marcos, com um certo ar de preocupação.

Josías, já sabendo do que se tratava, respondeu:

— Hoje é um dia daqueles, né…

— Pois é. — respondeu Marcos

— Mas esse tal de Veron acabou com o Bragantino. Será que hoje ele também não vai colocar o Gil pra comer grama? — pergunta Josías, sem rodeios

— Vai saber, Josías, vai saber… O Palmeiras tem parecido um jegue nos últimos tempos. Quando a gente acha que vai, empaca — esbravejou Marcos

— Ah, mas eu vi na televisão que o técnico disse que eram injustas as cobranças da torcida.

— Injusto é quando todo mundo vê que algo está certo e alguém fala que está errado. Não o contrário, né, Josías. E é isso que me preocupa ainda mais. O primeiro passo pra mudança é reconhecer o que está errado — desabafa Marcos e já pede logo em seguida:

— Josías! Me vê esse kibe aqui — Marcos aponta o dedo pra estufa

— Ih, seu Marcos, esse não está fresco, é de ontem. Mas a coxinha eu acabei de fritar. — Josías respondeu na mesma hora.

— Viu, Josías, essa é a atitude que o nosso técnico tinha que ter. — diz Marcos a Josías, sem esperar muito

Sem entender, o atendente pergunta:

— Como assim?

— Cazzo, Josías, você poderia ter me entregue o salgado sem falar nada ou, até mesmo, ter esquentado 30 segundos no micro-ondas para tentar me engambelar. Se eu tivesse aceito e depois reclamasse, você teria duas opções: continuar tentando me convencer que o errado é meu paladar ou, finalmente, reconhecer o problema e me oferecer algo novo e fresco, como fez. — respondeu Marcos

— Verdade. Ainda bem que Vanderlei não é o nome do meu chefe. — falou aliviado Josías — Quer a coxinha?

— Embrulha uma pra viagem que hoje estou atrasado e não posso fazer hora extra. — pediu Marcos

— Tá na mão, patrão! Bom dia!

— Hoje eu prefiro ter é uma boa noite, se é que me entende! Abraço! — finalizou Marcos

Leonardo Laruccia, palmeirense da década de 90, publicitário, sócio da WL Agência Digital e escritor nos intervalos.