Por Roberto Galluzzi Jr.
13/11/2023

RE-PERCUSSÃO: Abel, de saco cheio do Brasil
(Foto: Reprodução/TV Palmeiras)

Brasil não é pra amadores. Talvez lá na Europa seja tudo mais tranquilo, melhor planejado e executado. Aqui, reza a selva de pedra. É paulada atrás de paulada. E o mais impressionante é que, talvez inebriado por tantos títulos mundiais, o brasileiro não percebe quanto nosso futebol é prejudicado pela sanha de receita, que tritura seus contratados até o último suor.

Se o Abel, como ele mesmo disse, está de “saco cheio” de tudo isso, temos que ter uma diretoria capaz de amenizar essa pressão. Isso se quiser mesmo a continuidade de seu trabalho. Resguardar o treinador quanto ao excesso de funções e oferecer a ele um respaldo da gerência e da diretoria de futebol.

Fora isso, é ter a habilidade de diálogo interno e reservado para esclarecer que o time padece das mesmas mazelas que o treinador denuncia e que compartilha de sua indignação, colocando-se pronto e apto a ajudar e interferir no que for possível – se é que existe algo a ser feito. Porque se até mesmo um treinador super bem pago e com toda estrutura possível a disposição sofre com a “intensidade” do futebol brasileiro, imagine aqueles que pouco disso dispõe.

O Palmeiras deve saber amenizar as pressões que o treinador sofre, contextualizando as dificuldades e dando respaldo ao trabalho. Explicando que a expectativa por resultados – rápidos – é uma ilusão alimentada por aqueles que transformam o esporte num produto espetacular. O esporte muitas vezes não é e não tem que ser espetacular, mas sim humano e justo, algo frequentemente negligenciado por quem dele se aproveita.

Assim, o Brasil permanece espetacularmente incompetente para manter bons nomes por aqui, que logicamente fogem dessa balbúrdia insana. Mas fica a dica, Abel: relaxa e não dê tanto ouvido ao que Stanislau Ponte Preta chava de “o festival de besteiras que assola o país”, metièr no qual somos pródigos. Vai por mim, serás mais feliz. Ou pelo menos, não tão estressado.

E lembre-se… saco cheio mesmo fica quem tem que fazer as contas todo mês pra pagar os boletos…

Nascido nos 70 e forjado nos difíceis anos 80, o Galluzzi enfrentou a fila inteira de 16 anos. Mas estava lá, em 12/06/93, in loco e muito loco pra assistir ao vivo o primeiro de muitos títulos, aos 21 anos! Talvez por isso, pra esse geração X raiz, roqueiro e paulistano da gema, não é qualquer derrota que abala a fé.

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