Por Catedral de Luz
15/01/2021

(Foto: Reprodução)

Peço licença aos amigos que me acompanham semanalmente para lembrar-me de um homem comum e a mesmo tempo marcante. Meu pai.

Meu pai era palmeirense e me ensinou a ser um torcedor alviverde. Sua vitória predileta era no “Derby”, enquanto eu preferia vencer o “Choque Rei”, motivado, talvez, pela “Primavera de 42”, mas nada se parecia com o clima formado pelo incomparável “Clássico da Saudade”.

Para você que não vislumbra o motivo preciso, o incomparável “Clássico da Saudade” era chamado assim por incorporar dentro das quatro linhas, Ademir, Pelé e os dois maiores times do estado nos anos “60” e que marcaram o auge do futebol arte brasileiro.

“Pelé” marcou época na década citada acima e fez do “Santos” um time competitivo e vitorioso, quase invencível não fosse a “S.E.P.”, única força que obstava os interesses do clube praiano à época.

“Ademir” era o comandante máximo palmeirense. “Simplesmente Divino”. Aquele que fazia meu pai perguntar a quem estivesse disponível: “- Ele vai para o jogo? Vai? Sendo assim… Meus pêsames, “Pelé”.

A respeito do “Divino”, meu pai sentenciava de forma soberba, própria deste nativo de “Catanduva”: “- Antigamente, não fosse pelo nosso “da Guia” o futebol não teria graça alguma”.

Antigamente… Esse meu pai… Você estava certo em pensar assim, caro amigo de tantas transmissões radiofônicas. Pele era a noite em pesadelos ao adversário, enquanto Ademir era o condutor do archote que levaria os esmeraldinos à resistência.

Artistas incomparáveis da bola, Ademir e Pelé farão falta à final da “Copa Libertadores da América”. Entretanto, nada é definitivo e as forças de ambas as equipes se renovam a cada temporada. Esperemos dos adversários, guardadas as proporções, um futebol que dignifique o “Clássico da Saudade”, mesmo que o “Maracanã – “recreio dos bandeirantes” – sinta a falta dos dois maestros acima citados – para mim, três -.

Saudades, meu pai!

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.