Por Catedral de Luz
19/08/2022

(Foto: Getty Images)

Aqui revisitamos mais um texto publicado pela parceria PTD/GALOPE PEREGRINO, datado de 08/05/2013.

“GUERRA CIVIL” nos fala de um problema que parece nunca terminar e que o torcedor alviverde sempre sentiu à flor da pele.

É claro que quanto mais conquistarmos maior visibilidade teremos. Fato.

Porém, a cada temporada disputada, as evidências sinalizam com transparência o quanto o futebol não só se abastece das 4 linhas.

GUERRA CIVIL

Ditaduras nunca produziram felicidade e sempre monopolizaram ideias junto à sociedade.

Francisco Franco, por exemplo, por intermédio do “franquismo” interpretava o estadista espanhol, simpatizante do fascismo e do nazismo. Apoiado pela igreja e pelos latifundiários, ele fez da guerra civil uma porta de entrada com destino a outros veículos de domínio, incluindo o futebol.

Franco era torcedor do Real e contribuiu destacadamente para inúmeros títulos madrilenhos, além de facilitar a compra do argentino Di Stéfano.

Na vida esportiva, o maior empecilho para os interesses de Franco era o Barcelona. Vitórias dos “merengues” eram menos comemoradas se comparadas com as derrotas dos “catalães”.

Ditaduras chegam e partem. Um dia, Franco debandou e deixou a herança vergonhosa do resultado tendencioso. Décadas se passaram e os torcedores madrilenhos continuam escrevendo compêndios e tentando varrer de sua história quaisquer suspeitas sobre seu merecimento.

Conquistas, títulos, alegria… Estamos falando de supremacia? Formadores de opiniões? Aumento de torcedores? Totalitarismo? Parece que se administra melhor aquilo que se domina melhor.

Ser aquilo que difere traz conflito. Você não tem o mesmo espaço, o mesmo tempo disponível, o mesmo apelo aos sentimentos de terceiros. Como rivalizar?

A lei que permite igualdade entre os homens é aplicada no futebol? A SEP – e não estamos falando de um clube criado 3 meses atrás, com algo em torno de 3 centenas de torcedores – foi encaixada em grade nobre da TV por quantas vezes nesta Copa Libertadores?

Lutamos contras muitos e em curto espaço de tempo. Lutamos contra nossos erros e frente àqueles que preferem desconstruir. Lutamos contra o passionalismo insano e diante da ansiedade que fomenta as células cancerígenas de nosso intestino. Lutamos contra adversários fortes, dentro e fora das 4 linhas. Lutamos contra a imprensa clubística, aquela que jamais esquece o clube pelo qual torce – e como agir tendenciosamente beira as raias do absurdo! –.

Enfim, e mesmo assim, acreditamos no inacreditável. Nos milagres que oxigenam nossas esperanças. No trabalho de formigas operárias. Na guerra de guerrilha. No fator surpresa e naquilo que ele possui de mais original, que é minar a soberba dos ditadores.

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.