Por Catedral de Luz
26/01/2023

(Foto: Fabio Menotti/Palmeiras)

Caro amigo Drummond,

Tomo a liberdade de incomodá-lo e peço a gentileza de que o ato seja sinônimo de alegria e arrebatamento deste colunista e palmeirense extremamente feliz após mais um título.

Tirá-lo do descanso eterno é certamente uma heresia, mas não posso desperdiçar seu poema escrito no longínquo – e próximo para nós, alviverdes – ano de 1942.

Mais de 80 anos depois e várias conquistas na mochila deste viajante do tempo faço minhas as suas palavras. Pois é, Poeta: “E agora, José?”

Certamente a resposta, como diria Dylan: “Está soprando ao vento”.

E agora, José? O Sub-20 é “Bi”, a festa foi consumada, as bandeiras tremularam, a torcida entoou cânticos e todos aqueles que se fartavam diante da crise – mas que crise? – deitaram-se cedo, com a cabeça inchada.

E agora, José? Os reservas fizeram a parte que lhes cabia e mesmo não sendo a “última moda em Paris” afastaram – pelo menos por enquanto – aquele coro obsessivo que dizia ao redor das quatro linhas: “Queremos jogador!”.

Não é que deixe de precisar de contratações – sabemos bem o quanto é necessário –, mas o “fogo amigo” via de regra é uma voz tingida de passionalismo, com leves doses de sabor amargo para com alguns personagens do clube. E aí, caro amigo… Fazendo uso das frases de efeito: “Quando eu odeio… odeio mesmo!”

Longe de ser um paraíso, aqui não é terra arrasada! Mas o torcedor insiste no papel de peru e gosta de morrer na véspera. Pense você se a SEP vivesse na fila, da mesma maneira dos folclóricos anos 80.

E agora, José? Brasília manda recados e no final de semana um “revival” de ano e pouco atrás chega ao silêncio dos entusiastas – assim como este que vos fala.

E agora, José? As cornetas tocarão para quem?

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.