Opinião PTD: Abel Ferreira x Jorge Jesus e a narrativa dos “especialistas”

Por Eduardo Luiz
02/05/2025

Quem segue minha opinião neste espaço sabe tenho criticado muito o trabalho do Abel Ferreira no Palmeiras, e recentemente até falei em fim de ciclo. Dito isso, vou agora falar sobre o debate que cresceu nos últimos dias em função da busca da seleção brasileira por um novo treinador: Abel x Jorge Jesus. Quem é melhor?

Não vou brigar com fatos e falar que o treinador ex-Flamengo não fez um bom trabalho em 2019. Mas foram 5 meses e num contexto que a grande mídia, especialmente os emocionados da Flapress, jamais comentam.

Jesus assumiu o Flamengo na pausa da Copa América e se aproveitou de não ter nenhum rival em boa fase para fazer um ótimo segundo semestre. O Palmeiras mesmo, após a saída do Felipão, caiu nas mãos no Mano Menezes. Isso resume nossa situação naquele momento.

Com um elenco de nível em mãos, Jesus fez um bom trabalho mas contou, além disso que já citei de não ter adversários competitivos, com fatores extracampo que são comuns historicamente ao time carioca: ajuda da arbitragem e inversões de mando. Aquele Flamengo existiria se o pobre Emelec não fosse roubado na ida e na volta? Aquele Flamengo seria campeão brasileiro com o pé nas costas se não disputasse 22 jogos como mandante? Em certo momento aconteceu uma série absurda de 7 jogos seguidos em casa. Disso ninguém lembra, né? Ou não quer lembrar. Também não lembram quele ele picou a mula no primeiro sinal de desgaste e pouco tempo depois de renovar seu contrato. Ou seja, foi um excelente profissional, só que não.

Agora vamos ao Palmeiras do Abel: seus primeiros anos, especialmente 2020, 2021 e principalmente 2022, foram muito bons. O time apresentava variações táticas, se adaptava aos adversários e tinha um festival de jogadas ensaiadas. Nesse intervalo foi vítima de análises clubistas, como o “sem repertório”. Isso se deve aos adversários enfrentados e vencidos. Abel ganhou de todo mundo. Torcedores com microfone na mão não toleram o Palmeiras vencedor. Jamais elogiariam um técnico nosso. Eles só gostam de treinadores medíocres. Lembro até hoje como lamentaram a demissão do Oswaldo de Oliveira… Enfim.

Voltando ao trabalho do Abel: o Palmeiras de 2022, pra mim, foi o melhor campeão brasileiro recente, inclusive superando o Flamengo de 2019 e o Atlético de 2021. Isso porque tinha adversários bons, e mesmo assim jogou um ótimo futebol. Goleou, jogou aberto, jogou fechado quando preciso, se impôs em casa e fora e em muitos momentos superou a arbitragem. Foi um time completo. Até hoje Abel não reeditou aquele trabalho.

Em 2023 o Palmeiras seguiu um time muito competitivo, tanto que conquistou três títulos, teve jogos espetaculares, como o 4 a 3 no Flamengo na Supercopa, aquele 5 a 0 no São Paulo e a virada incrível sobre o Botafogo. Mas já não era tão forte quanto o do ano anterior. Em 2024 apenas o título paulista salvou o trabalho do Abel. E 2025 começou no mesmo nível, inclusive com a perda do estadual para um adversário medíocre. E por isso já o critiquei muito, apesar de muitos que frequentam este espaço jurarem que não. Se precisar, seguirei criticando. Isso não muda, porém, meu reconhecimento e minha gratidão pelo que ele já fez.

Abel fez do Palmeiras o time com mais goleadas desde 2020, portanto rotulá-lo de retranqueiro além de ser burrice é má-fé. Burrice pode vir de rivais (invejosos). Má-fé vem de “especialistas” que odeiam o Palmeiras. Poderia dar nomes aos bois, mas isso só serviria para dar ibope a quem não merece.

Se Abel Ferreira fizesse no Corinthians, no São Paulo ou no Flamengo o que fez no Palmeiras, ele seria tratado como Deus.

Resumindo: os dois técnicos são bons candidatos para assumir a seleção. Abel tem uma carreira menor e mais vitoriosa, mais consistente e com mais repertório. Jesus, com uma carreira muito maior, teve 5 meses bons no time da mídia, e por isso conta com uma defesa implacável. Não vou considerar o mundo árabe pois não é parâmetro pra nada. Jesus teve um brilhareco na Europa, mas muito pouco. Se fosse o técnico-fenômeno que seus fãs pintam, teria muito mais títulos e passagens marcantes por mercados não periféricos. E essa régua não temos com Abel por um motivo óbvio: ele não trabalhou na Europa porque tem 5 anos de carreira, praticamente (não conto o Braga também). Pelo que mostrou até aqui não tenho dúvida em afirmar que Abel Ferreira é melhor que Jorge Jesus.

LEIA TAMBÉM:

Siga o canal de WhatsApp do PTD!

Raphael Veiga deve voltar ao time titular?

Resultado