Por Catedral de Luz
15/12/2022

(Foto: Palmeiras/Arquivo)

Vivíamos dias menos afortunados se compararmos aos de hoje. Vencer o Estadual de 2008 era prioridade. Afinal, a carência de títulos nos incomodava e fazia a festa da concorrência.

Planejamento equilibrado e caprichosamente locupletado por episódios solucionados ao acaso permitem-nos afirmar que, à época, o time do “Professor” era competitivo e merecia sorte maior do que uma singela vitória provinciana.

Mais do que um simples jogo de futebol, o “Choque Rei” é, foi e sempre será História pura, lembrança de tempos que não presenciamos, mas que aprendemos através dos documentos deixados pelos inúmeros correspondentes destacados sociedade afora – que o diga a “Primavera de 1942”.

O encontro inicial das semifinais terminara com desvantagem alviverde (1X2). Mais uma vez a arbitragem fora questionada. Pênalti não assinalado e em seguida um gol anotado de forma irregular – com ajuda manual – fomentaram o inconformismo alviverde.

Só nos restara vencer a segunda partida, mesmo que a fórceps.

Ambiente tenso, dadas as circunstâncias, o lendário Palestra Itália assemelhava-se com o implacável desfiladeiro das Termópilas, onde os espartanos palestrinos não permitiriam que os persas inimigos – agora tricolores – sorrissem ao final.

Coração na ponta chuteira, cada atleta alviverde corria por si e pelo companheiro ao lado. Terminada a primeira etapa e um chute sinuoso de Léo Lima nos levaria à vantagem no placar.

No intervalo, o vestiário visitante apresentava-se envolvido por névoa. Vindo de Nárnia, talvez, uma considerável dose de gás de pimenta deixara as acomodações insustentáveis.

Pergunto: A quem coube o crime cometido? Mistério! O momento permitia a lembrança de um trecho de uma das músicas do repertório da saudosa banda Blitz: “Eu dizia que era ela e ela dizia que era eu”. Os tricolores acusavam a S.E.P. e esta acusava as vítimas. Entre armadilhas e conspirações, a polícia militar não tinha como finalizar o veredito.

Ao final, entre alegrias, polêmicas e a insuperável ironia do “mago” Valdivia, a vitória favoreceria o melhor (2X0), não só durante o tempo regulamentar, mas durante todo o campeonato, independente do gás de pimenta.

Culpado? Difícil descobrir! Talvez acobertado pelos mesmos personagens que anularam um gol legítimo de Leivinha, na final do Estadual de 1971.

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.