Por Catedral de Luz
21/09/2022
Final de inverno de 1942, Getúlio Vargas decreta “Estado de Guerra”. A Alemanha passa a ser inimiga do Brasil, em virtude do ataque aos navios Arará e Itagiba.
Em decorrência de acordos assinados, a Itália se alinha às forças germânicas e as retaliações aos imigrantes italianos em solo brasileiro são instantâneas, inclusive no futebol. A primavera de 1942 promete.
Palestra Itália, Palestra de SP, Palmeiras… Enfim… Não será fácil administrar o nacionalismo exacerbado imposto aos “oriundi”.
Meu nono se nega a admitir que o Paulista caia em mãos profanas, motivadas pelo oportunismo equivocado da classe seiscentista que quer privilegiar os interesses de seu clube de coração.
– Domingo é logo ali. Saberemos ser brasileiros. Morreremos líderes, mas nasceremos campeões – clama meu nono Vitório.
Sendo assim, há dois dias da primavera paulistana, rompendo as quatro linhas e carregando a bandeira brasileira, o alviverde imponente surge no gramado da municipalidade.
Os narizes franzidos, motivados por preconceitos se rendem e aplaudem.
Não será fácil derrotar a SEP. O triunfo vale a reconquista da honra perdida por teorias conspiratórias.
Menos de trinta minutos e o “Choque Rei” apresentava empate com gols (1X1). Porém, ao apagar das luzes da primeira etapa, a SEP volta à frente no placar.
Sessenta minutos foram o suficiente para que os esmeraldinos ampliassem o marcador (3X1).
Intenso e predestinado, o alviverde manda no jogo, tanto que o pênalti a seu favor é apenas a cereja do bolo.
Inconformados com a arbitragem, os adversários se retiram do campo. Ostentando a sua fibra, resta apenas a SEP.
A natureza devolve as coisas ao seu devido lugar.
O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.