Por Catedral de Luz
26/11/2021

(Foto: Conmebol)

Algo similar a um ritual de passagem, pois começamos a amadurecer assim. É por volta dos sete anos que fazemos nossa escolha por um time de futebol.

É comum ver os pais sugerirem “democraticamente” aos filhos o clube pelo qual torcerão por toda a vida. Alguns fazem por intermédio da cartilha do amor, enquanto outros usam da dor, tal e qual o povo espartano na Grécia Antiga.

Embora palmeirense da ala fleugmática, meu pai não ditou minhas escolhas, mas foi melhor assim. Os jardins suspensos de Palestra Itália chegaram ao meu coração de maneira natural.

Porém, não deixa de ser interessante como tudo começou.

Eu poderia escolher o time de maior torcida ou o clube dos aristocratas, mas eu preferi os operários e anarquistas, graças a Deus.

Certamente, minhas preferências passaram pelas páginas históricas deste clube de todos nós palestrinos, ao construir seu legado.

Eu preferi ser um entre os 10.000 palestrinos que assistiram Ronaldo por fim ao sonho de mais de 110.000 torcedores rivais, no Paulista de 1974.

Eu respondi negativamente ao convite das famílias abastadas e delirei com Valdívia empurrando a bola rumo ao gol de Ceni, no Paulista de 2008.

Enfim, eu aprendi a valorizar a alegria distante da banalidade e a conquista como fio condutor além da simples superioridade.

O fracasso adversário deixou de ser o objetivo principal e o sucesso alviverde passou a ser lei.

Da mesma maneira e intensidade proporcional, eu penso no jogo final da Copa Libertadores. Tecnicamente inferiores, mas taticamente melhores, penso em partida equilibrada e decidida por mínimos detalhes. Talvez, aquele que tiver mais pernas alcance a linha de chegada com maior rapidez.

Consciente da realidade das forças confio nas nossas. Aliás, nunca estive com a confiança no patamar atual. Estou convicto de que o título é possível, embora o favoritismo não esteja ao nosso lado. Entretanto, o que representa a vitória antes do apito inicial?

Bora sonhar? Bora realizar?

Sim, somos todos um. Dentro das quatro linhas e fora delas.

Quando pairar a dúvida lembre-se de que o concorrente sangra, pois é mortal.

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.