Por Catedral de Luz
15/10/2021
É claro que as coisas mudaram. A realidade contemporânea é que o ferimento imposto pelas lâminas adversárias reduziu-se pela metade e isso incomoda àqueles que dormem em berço esplêndido.
Nós deveríamos soar como modelo aos ouvidos antagônicos, mas somos alvo do sentimento nocivo da inveja e isso é tóxico, porque ao menor sinal de dificuldades o veneno contido na superfície da língua interfere no cotidiano e procura desconstruir horizontes, por intermédio da crítica excessiva e pessoal.
E ao falar dessas conspirações tecidas entre dedos e teclas – falo da imprensa que não tem o menor constrangimento em torcer com o microfone em punho –, percebemos que o fogo amigo auxilia. Pelos mais diversos motivos, dos mais sórdidos aos mais bem-intencionados, a dor chega aos corações da massa torcedora que se alimenta dos formadores de opiniões.
A crítica é valida enquanto não chega à página posterior. Ela é aceitável enquanto não encontra o lado pessoal.
A sabotagem imposta a “Abel Ferreira” por parte de alguns jornalistas é acima do convencional.
“Abel” deveria se submeter às análises frias do jogo de erros e acertos aos quais qualquer treinador é vinculado. Ganhar ou perder faz parte desse dualismo entre defeitos e virtudes. Porém, no entendimento dos intelectuais da bola, quando falamos do “Gajo”, acertar não é característica dos virtuosos. Isso é fruto do acaso e da sorte.
A imprensa curte comparar profissionais. “Esse é melhor que aquele, e por aí vai”. “Abel Ferreira” nunca foi considerado “top”, provavelmente porque a acidez de suas palavras ultrapassam as fronteiras entre a sinceridade – ponto de vista pessoal – e a verdade – que não possui proprietário.
Jornalista não gosta de ser contrariado. A palavra final é dele! Ele escreve aquilo que foi e feito “Nostradamus” adivinha o futuro. Nem sempre acerta, mas nunca está convencido de que o erro é humano.
Os digitadores das notícias se dividem na nomenclatura atribuída ao “Português”. Entre a vanguarda e o pragmatismo intelectual as terminologias “reativo” e “retranqueiro” se diluem e desempenham o mesmo papel. Esquecem eles que o “Lusitano” cozinhou o número de ovos que lhe foram dados e contentou-se com a realidade do momento. Embora seja da natureza humana o direito de reivindicar, o não sempre se repetiu.
Não vai aqui a crítica a quem falou não, pois os motivos já sabemos – podemos até não concordar –, mas ocupamos este espaço para o elogio a “Abel”, este espírito inconformado com aquilo que não se pode mudar, por motivos alheios a sua vontade.
“Abel”, você é o personagem principal da música do grande poeta “Raul Seixas”. O número de seu sapato é outro, mas você continua a dignificar o “36”.
O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.