Por Leonardo Laruccia
22/10/2020
Ontem, 14h, AeroLeila, em algum lugar entre o Equador e o Brasil:
— Paulo, eu tinha certeza que ia dar certo! — exclamou, ainda incrédulo, o diretor palmeirense
— Pô, Barrão, fez a gente sair do Brasil para ir lá para o Equador e tomar um não na nossa cara do mistura de Guardiola com Ruy Cabeção. Você tinha me dito que era só chegar lá, almoçar com o espanhol e colher a assinatura do contrato — respondeu impaciente o vice.
— Eu sei, mas ele mudou a conversa na hora, acho que deve ter relação com o nosso desempenho contra o Fortaleza. Ele deve ter visto, com certeza — sugeriu Barros
— Pô, mas o cara tava achando o quê? Que estamos jogando o fino da bola? Se tivesse tudo bem, nós não cogitaríamos a contratação dele. Não acredito que seja isso. Acho que conduzimos errado. Ninguém muda de opinião assim do nada — afirma retoricamente Paulo
— Não tá achando que a culpa é minha, né?
“Claro que é, po***! Você que está a frente do negócio”, pensou o vice, mas respondeu sem expressar opinião nítida:
— Agora já não adianta chorar o leite derramado. Qual o nosso plano B?
— Tô pensando em consultar o Setién… Ou o Heinze. — respondeu de pronto
— O que tomou 8 na Champions? Sério? E o outro aí, o que fez de bom no futebol? — perguntou o vice, já não muito paciente
— Pelo que eu vi, ele tem um bom pensamento de futebol, era um bom defensor — respondeu, deixando o colega ainda mais nervoso
“Preciso é de alguém que defenda o Palmeiras desse comando totalmente perdido”, pensou de novo, finalizando a conversa:
— Bom, agora é ver o que acontece. Hoje tem jogo e seria muito bom vencer — finalizou colocando fones no ouvido para tentar dormir.
— Tem jogo? Meu Deus! É verdade! Estou tão pilhado que nem lembrei, mas vamos vencer! — finalizou Barros, tentando puxar na memória com quem o Palmeiras jogaria e por qual campeonato.
Ontem, 23h30, São Paulo, WhatsApp
— Paulo, tudo bem? Tá acordado?
— Fala, Barros.
— Pô, goleamos, heim. Será que a galera vai dar uma aliviada amanhã nessa negociação pífia que fizemos? — perguntou Barros
— Que você fez. Mas acho que sim. Boa noite!
— Boa noite! — finalizou Barros tentando entender o que ele quis dizer com “que você fez”, sem sono e um pouco perdido…
Leonardo Laruccia, palmeirense da década de 90, publicitário, sócio da WL Agência Digital e escritor nos intervalos.