Por Catedral de Luz
16/09/2020
Enquanto a “S.E.P.” se prepara para retornar aos embates da “Copa Libertadores”, onde o fantasma da altitude é o capítulo desta 4a., divido com vocês a oportunidade de contar e ao mesmo tempo conhecer um pouco mais sobre a história deste clube maravilhoso.
O ilustre palmeirense, José Ezequiel Filho, foi quem me deu a ideia, via grupo de whatsaap e não seria eu a me fazer de rogado
“A máquina do tri” é o nome pelo qual batizei o inenarrável “Palestra Itália” de 1932, 1933 e 1934, campeoníssimo, não por acaso, dos estaduais disputados nesses anos.
Sou um cronista e como tal procurarei ater-me apenas às curiosidades, pois falar do “Palestra Itália” requer mais do que uma simples coluna de sítio.
A “Máquina” começou a engrenar em 1932, fruto de mudanças no elenco, em virtude da saída de alguns jogadores atraídos pelo mercado europeu e da aposentadoria de “Bianco Spartaco”, zagueiro habilidoso e “Ettore”, atacante finalizador (também conhecido por Heitor)”.
Ex-zagueiro palestrino, Humberto Cabelli, uruguaio, era o técnico responsável. Como passe de mágica o entrosamento veio rápido e perdurou enquanto o tri não foi conquistado.
O Estadual de 1932 foi a primeira estrela, depois de onze jogos e onze vitórias. Obviamente, não fosse o encerramento prematuro, em virtude do “Movimento Revolucionário Constitucionalista”, que resumiu o campeonato a um único turno, os números seriam mais significativos. Entretanto, a História separara um espaço para “Cabelli” e seus meninos: “O único time na história do futebol paulista a alcançar 100% de aproveitamento técnico” – fora o melhor ataque, defesa e artilheiro (meia driblador e exímio lançador, Romeu Pelliciari, natural de Jundiaí).
O “Palestra Itália” seria aclamado pela História como o último campeoníssimo amador do Estado. O romantismo competitivo despedia-se e virava peça de museu
O profissionalismo mudaria a cara do campeonato e os oito concorrentes abraçariam a causa. Entre eles, o “Palestra Itália”, “Primeiro Conquistador da Era Profissional”. Era o ano da graça de 1933.
Foram quatorze jogos, com 12 vitórias e a melhor defesa, além da maior goleada em “Derby (8X0, com quatro gols do meia Pelliciari)”.
A “tríade” terminaria em 1934, com 12 vitórias, além de melhor ataque, defesa e artilheiro (mais uma vez Pelliciari).
Contudo, o nosso “Palestra Itália” não foi apenas a força hegemônica estadual. “A Máquina do Tri” conquistaria, também, o Torneio Rio/SP de 1933, primeira disputa desse gênero realizada em terras brasileiras e, como não poderia deixar de ser, conquistada pelo clube verde, vermelho e branco, graças a dezessete vitórias em vinte e dois jogos, sendo eleita a melhor defesa do campeonato.
Isto posto é possível determinar, depois de tantos anos, que o time alviverde esteve sempre à frente das mudanças significativas realizadas pelo futebol brasileiro e que o simples fato de inexistir “Brasileiro” à época não o faz menos conquistador.
Determinar que o futebol brasileiro é aquele praticado pós 1971 é o mesmo que acreditar que o Brasil continua uma colônia.
Cada época é retratada por intermédio de suas características e afora isso o resto é anacronismo.
O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.