Por Tática Didática
30/11/2021
Quando foi divulgada a escalação do Palmeiras para a tão aguardada final da Libertadores da América contra o Flamengo, a grande maioria de torcedores, analistas, jornalistas, pensaram que o Palmeiras iria jogar no seu tradicional 4-2-3-1 dos últimos jogos. Porém, como já sabemos agora, a formação tinha Gustavo Scarpa como ala esquerdo e Piquerez como zagueiro. Alguns previam o Palmeiras entrar com três zagueiros, mas ninguém (pelo menos que eu tenha visto) imaginava que a formação seria essa.
Quando Abel poupou todo time titular contra o São Paulo, em um Allianz Parque lotado que aguardava ansiosamente a possibilidade de o alviverde complicar seu grande rival na disputa contra o rebaixamento, as críticas foram pesadas, e em certos casos desproporcionais. Na entrevista pós-jogo, irritado, Abel falava que tinha um plano e que iria segui-lo até o fim.
Não culpo os torcedores que ficaram irritados pós Choque-Rei, por aqui estamos muito pouco acostumados a técnicos que cuidam de todos os aspectos do jogo de maneira tão detalhista como Abel Ferreira. Aqui no Brasil, os aspectos mental, tático e físico geralmente são ofuscados em relação ao aspecto técnico, que é o que mais chama atenção nos jogos. O maior exemplo disso? O rival rubro-negro de sábado.
O Palmeiras não foi campeão simplesmente porque jogou com uma linha de 5 defensores diferente ou porque seu técnico teve a coragem de poupar um time inteiro em um clássico importante. Foi por uma soma de fatores. Ganhou porque fora o aspecto técnico, que seu rival é notadamente melhor, o alviverde dominou todos os outros aspectos do jogo. Tático, físico e mental. O Palmeiras ganhou porque acreditou em seu planejamento, e acreditou porque Abel junto com sua comissão e todos os outros profissionais do clube sabiam de cada detalhe que deveriam explorar em uma final de jogo único, com possível prorrogação e com uma grande tensão no ar.
O gol do título não sai apenas porque Andreas Pereira cometeu um vacilo. O gol acontece porque mesmo após 90 minutos de jogo, o Palmeiras decide pressionar a saída de bola do Flamengo. E pressiona com Deyverson. E porque Deyverson? Por que Abel escolheu justamente ele pra entrar no lugar do exausto Raphael Veiga? Deyverson é um centro avante de poucos recursos técnicos, mas com muita vontade, marca e disputa bastante com os zagueiros, tem boa velocidade e demora pra cansar. E com essas suas características, o Palmeiras pressionou a saída de bola do Flamengo, forçou um erro do adversário e marcou seu gol.
Não é sempre que as coisas acontecem por acaso no futebol. Sábado certamente não foi o acaso que deu a taça de campeão ao Palmeiras. Ela foi conquistada!
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