Por Catedral de Luz
30/09/2020

(Foto: Reprodução)

Corneta, corneteiro, cornetar… Chame do que quiser e como quiser, pois esse personagem é mais uma das crias folclóricas de nossa história, onde alegria e tristeza sintetizam-se em um só sentimento.

Chame-o na conversa como um simples substantivo, adjetivo substantivo ou verbo. Invoque-o e você assistirá uma figura única e no mínimo discutível.

Nosso personagem – corneteiro, desde já – nasceu na década de “30”, na “Pauliceia Desvairada” retratada com talento por “Mário de Andrade”, entre as ruas “Caraíbas” e “Turiassu”, em um bar frequentado por conselheiros palestrinos, visceralmente oposicionistas.

Próximo desse ponto de encontro alviverde instalara-se uma fábrica de ferramentas que levava o nome de “Corneta”, especializada em canivetes e tesouras.

Curiosamente, os estabelecimentos citados acima ficavam em frente à entrada principal do lendário “Estádio Palestra Itália”.

Um bar acolhendo conselheiros, que participariam a seguir de acalorado encontro do Conselho Deliberativo, somado ao sugestivo nome da fábrica ao lado, fariam de Jota – para nós “Mestre Jota” –, historiador e palmeirense, mais um dos mensageiros da História, ora minimalizada em episódio da história da “S.E.P”.

Certo dia, conforme o “Mestre”, alguém falou: “- Lá vem a turma da corneta”. Dizer que o termo viralizou seria precognizar o futuro, mas que tomou contornos de “lenda urbana”, não deixa sombra de dúvidas.

Assim sendo, o termo “corneteiro” passou a ser interpretado como alguém que “excede” nas reclamações. Conforme “Mestre Jota”, uma figura que sempre existiu ao longo dos anos.

Ele, o corneteiro, embora beire os “90” anos, continua firme e forte. Ama a “S.E.P.” como qualquer outro alviverde.

Porém, algo que distingue o nosso personagem de todos os outros torcedores é a falta de tolerância com os erros cometidos por quem quer que represente a “S.E.P.”. Para ele, não há espaço para o vacilo. O elenco, técnico, CEO e Presidente assinaram um pacto de vida ou morte. Vencer ou… vencer!

Vocês perguntam se eu gosto dos corneteiros? Tolero. Alguns dias brinco com as frases de efeito pronunciadas por eles e outros odeio fervorosamente, culminando com o esquecimento do universo futebolístico.

Entretanto, não consigo enxergar a “S.E.P.” desvinculada dos corneteiros. Com quem discutiremos “Palmeiras”, gols perdidos e jogadas bizarras?

Um dia, quem sabe o entendimento aconteça e nos acostumemos com as manias, uns dos outros.

Como diria “Mestre Jota”: Corneteiro é uma figura que sempre existiu, ao longo dos anos”.

Sendo assim…

O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.