Por Catedral de Luz
02/10/2020
Meu pai fez aniversário de nascimento quarta-feira próxima passada. Caso estivesse entre nós teria curtido a vitória frente o “Bolívar” e obviamente xingado cada lance desperdiçado frente ao time adversário. Era da natureza dele, mas somente ele poderia maldizer a “S.E.P.”. Os outros? Que se calassem! Morte àqueles que criticassem um passe errado.
Desde já posso garantir ao leitor que me prestigia que meu pai não era um modelo de homem virtuoso, mas a sua sabedoria deu liga por intermédio da poeira da estrada.
Saiu de casa aos “16” anos e fez dos serviços eventuais, nas fazendas do interior paulista, a sua sala de aula.
Ao perguntarem se ele sabia alguma atividade específica, a resposta era sempre a mesma: “TODAS!” Todavia, a maioria dos serviços não eram do seu domínio, mas nada estava perdido. A confiança nunca o abandonou. Como dizia o nosso personagem: “Confiança gera confiança”.
É claro que por trás de um grande homem você sempre encontrará uma grande mulher, e o que de melhor poderia acontecer com meu pai seria conhecer e casar-se com minha mãe. Ela trouxe a fórceps o sonhador andarilho de volta ao Planeta Terra.
Genuinamente palmeirense, ele acompanhava todos os jogos via rádio. Dizia com propriedade que o time alviverde nunca iniciava um campeonato “na ponta dos cascos”. “Era aos poucos, de conta-gotas”. – Como você sabe, pai? – perguntava este que vos fala. – Confiança, meu Chapa! Confiança gera confiança! – respondia o futurólogo.
Acho que herdei essa confiança de meu pai. Esse otimismo que para muitos soa como insanidade. Algo que chega aos meus ouvidos de forma intuitiva e repete insistentemente: “Confiança gera confiança”.
Letrado? Meu pai não era. Nunca leu uma linha escrita por “Shakespeare”. Contudo, entre eles há pensamentos compartilhados. Um dizia “confiança gera confiança”, enquanto o outro escreveu “sabemos o que somos, mas não sabemos o que poderemos ser.”
Wesley: Nós sabemos do teu presente, mas desconhecemos o teu futuro. Porém, sua bola foi na gaveta e duas assistências geraram gols. Willian e Rony te agradecem. “Confiança gera confiança”.
Enquanto isso, lá no céu, meu pai continua te xingando, mas te abençoando, Wesley. Afinal: “Confiança gera confiança”.
O escritor e colunista Catedral de Luz nasceu na turbulenta década de 60 e adquiriu valores entre as décadas de 70 e 80 que muito marcaram sua personalidade, tais como Palmeiras, Beatles, Letras, Espiritismo e História… Amizades… Esposa e Filha.
Os anos 90 ensinaram-lhe os atalhos, restando ao novo século a retomada da lira e poesia perdidas.