Por Leonardo Laruccia
24/09/2020

(Foto: Jorge Saenz/AFP)

— Pô, Felipe, tô meio preocupado…

— O que tá pegando, Wesley? Foi por causa daquela chamada que te dei no final do jogo? Não é pra você ficar assim não, falei pra fazer você se ligar no jogo, aquela bola não era pra deixar passar no meio-campo — perguntou o volante

— Eu sei, não foi pelo lance não. Mas eu vacilei porque eu tô pensando no jogo de domingo desde hoje a tarde — logo respondeu o atacante

— Cara, a gente tem que se concentrar jogo a jogo, não pode pensar no futuro, tem que pensar no presente.

— Sim, mas é questão de saúde, né? Vai que eu pego essa doença e passo pra alguém? A gente tá muito exposto — disse Wesley, com ar de preocupação — E você viu? Os caras no avião sem máscara, todo mundo junto. Mesmo que o exame deles dê negativo, eu fico com o pé atrás. Você não acharia melhor adiar esse jogo?

— Ah, Wesley, eu achei que era por causa do jogo em si, não pelas circunstâncias — respondeu o volante, que completou — Mas é complicado. Pensando pelo lado da saúde, acho sim. Mas, você viu a quantidade de besteira que eles têm feito? Começaram treinando quando não estava autorizado, tentaram forçar a volta dos jogos quando ainda estávamos em pleno crescimento de casos e mortes e estão batendo na tecla de voltar a ter público nos estádios. Quando convém eles querem jogar, como foi contra o Atlético Goianense, quando não convém querem adiar. Por esse lado, acho que eles tem que cumprir o protocolo.

— Mas será que não seria hora de pensar na nossa segurança? — perguntou o atacante

— É, Wesley, acho que sim. A gente tem que estar preparado para jogar. Infelizmente, não decidimos nada sobre isso.

— Tenho visto a postura do presidente, acredito que ele vai conduzir da melhor maneira possível — conclui ainda inseguro o atacante

— Tomara.

Leonardo Laruccia, palmeirense da década de 90, publicitário, sócio da WL Agência Digital e escritor nos intervalos.