Por Eduardo Luiz
05/11/2024

Opinião PTD: Palmeiras entrou num universo paralelo e se autossabotou em 2024
(Foto: Cesar Greco/Palmeiras)

Ao que tudo indica a temporada 2024 será a primeira da Era Abel Ferreira sem um título de primeira prateleira – Brasileirão, Libertadores ou Copa do Brasil. Para não repetir isso em 2025, caso o técnico permaneça, o que é a tendência, o clube precisa voltar à realidade.

Começando pela diretoria: Leila Pereira tem repetido sempre que pode que na próxima temporada não haverá grandes contratações e que o maior reforço será a manutenção do grupo atual. Isso contando com sua reeleição, que é praticamente certa.

Ao manter o grupo Leila repetirá o erro de 2024. Figurões se acomodaram e os reforços que chegaram não deram o retorno esperado. Felipe Anderson e Maurício são bons jogadores, já Giay segue sendo uma aposta (cara). Eles ainda podem vingar, mas num novo contexto.

Agora vamos ao elenco: quem já foi muito importante pro Palmeiras, hoje não está sendo mais. Seja pela acomodação já citada acima, pela idade avançada, pelo sonho de jogar fora do Brasil, ou por um fim de ciclo, que é natural. Nesse contexto se encaixam Weverton, Marcos Rocha, Gómez, Zé Rafael, Richard Ríos, Raphael Veiga, Rony e Dudu. Pra ficar, precisam voltar a ter gana.

Ainda no elenco, tem jogadores que não servem para o Palmeiras, como Caio Paulista, Gabriel Menino e López. Artilheiro em 2024, López fez gols importantes, como no clássico contra o São Paulo, mas perdeu outros. Contra o Botafogo pela Libertadores, contra o Corinthians pelo Brasileirão, contra o Santos pelo Paulista, isso sem citar anos anteriores. Um clube com as ambições do Palmeiras não pode depender de um centroavante em formação. Precisamos de jogadores prontos e decisivos.

Agora vamos ao técnico: Abel Ferreira é um dos maiores treinadores da nossa história. No seu trabalho de 4 anos, os dois primeiros foram excepcionais. Em 2023 já caiu um pouco, mesmo assim conseguiu um título importante. Mas em 2024 foi muito ruim. O time perdeu sua essência de ser extremamente competitivo, e perdeu repertório. Há quanto tempo não vemos gols em jogadas ensaiadas? E a efetividade nas bolas aéreas? Fora a queda absurda de rendimento do sistema defensivo.

Não tem como não associar o mau desempenho ao trabalho do dia-a-dia. Ou falta de trabalho. O excesso de folgas não é implicância da torcida. Basta comparar com outros clubes.

O Palmeiras de 2024 acomodou. Diretoria, elenco e comissão técnica pararam no tempo. Passaram a viver das glórias do passado. Em campo, seria até natural isso acontecer, mas esse era justamente o diferencial do Abel: conseguir manter o grupo com fome e ele também. Aí que deveria entrar a diretoria, mas Leila Pereira mostra-se completamente inapta. Ao invés de cobrar seus subordinados, o que ela mais fala é em renovar com toda comissão até 2027. Leila tem Abel como escudo. Mas o escudo está desgastado. Deveria agir, mas não tem moral para isso, já que criou um ambiente de mundo perfeito, de bajulação, de renovações sem fim, de homenagens, de aumentos de salários, de pagamentos de luvas, etc. E de cobrança zero.

O primeiro passo para alguém sair de uma crise é entender que está em crise. O Palmeiras 2024 não entende. Pra eles está tudo bem. O título Paulista está bom. Ser vice brasileiro está bom. Cair nas oitavas das Copas está bom. Não está. A falta de um título de expressão em 2024 se deve única e exclusivamente ao trabalho ruim de todos: diretoria, elenco e comissão. Todos são responsáveis. E apenas com todos acordando é que poderemos projetar um 2025 diferente.

Não temos terra arrasada. Mas precisamos assumir os problemas e resolvê-los. Se isso vai passar por reformulação do elenco, pela saída do técnico, por uma troca de diretoria de futebol, dane-se. O Palmeiras é maior que todos. O que não pode é seguir essa acomodação para 2025.

Precisamos de trabalho. Mas um trabalho com fome. Basta de mordomia, de folgas, de renovações, etc. Basta de autossabotagem.

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