Por Roberto Galluzzi Jr.
20/09/2023
Cara, vou ser sincero. Das poucas vantagens de envelhecer, está aquela que nos faz filtrar bobagens que não mais queremos pra vida, que é finita e inesperada. Dentre essas bobagens estão o ódio e a agressão gratuita, tão comuns numa sociedade pra lá de “competitiva”.
Então assim… a torcida tem o direito de dar aquela xingada no jogo, gol perdido é que nem dedinho batido na mesa. Não tem como não xingar. Mas as redes sociais, por seu caráter anárquico e anônimo, martelam discursos de culpa e intolerância.
Alguém tem que orientar, ensinar os jogadores a se manter fora dessa pasta bostélica. De fora tudo é mais fácil e repito, o mais importante: a MÍDIA TRANSFORMA A REALIDADE EM PRODUTO. Essa transformação faz com que muito desta realidade seja obliterada, ocultada. Assim, qualquer compreensão fica comprometida.
E é com essa visão deturpada, distorcida e comprometida que nós julgamos o futebol. Não sabemos o que se passa lá dentro. Julgamos pelas aparências mais óbvias e pior, condenamos de forma precoce. Essa é a verdade que NÓS, TORCEDORES, temos que aprender. Filtrar as distorções criadas pela refração midiática e julgar de forma mais consciente e madura.
As gerações Y e Z, que não viveram os anos 80, não sabem quanto a CORNETICE ajudou a nos manter na fila. O que no início era um desconforto, se tornou angústia e revolta e esses sentimentos impossibilitavam o desenvolvimento de um trabalho minimamente baseado em médio prazo. A cada campeonato perdido demitia-se a Comissão Técnica e reiniciava-se um novo trabalho. E a fila aumentava…
Por isso eu digo, pra finalizar: futebol é emoção. Mas não vomitório de ódio. Xingar, mas não ofender. Criticar, mas não queimar nos campos da inquisição. A CONFIANÇA DA TORCIDA em momentos de baixa é a maior MOTIVAÇÃO que um jogador pode ter. Sejamos uma torcida CONSCIENTE, cabeça fria e coração quente.
Nascido nos 70 e forjado nos difíceis anos 80, o Galluzzi enfrentou a fila inteira de 16 anos. Mas estava lá, em 12/06/93, in loco e muito loco pra assistir ao vivo o primeiro de muitos títulos, aos 21 anos! Talvez por isso, pra esse geração X raiz, roqueiro e paulistano da gema, não é qualquer derrota que abala a fé.
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